39-1 | Outros novos... Algumas mesmas distâncias: Experiência de estágio de um RIS na Saúde Mental em uma Internação Psiquiátrica dentro de um Hospital Geral. | Autores: | Carlos Alberto Severo Garcia Júnior (GHC - GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO) |
Resumo “O pesquisador conversador no cotidiano”, diria Peter Kevin Spink (2008), seria minha intenção nesta apresentação. Num micro-lugar em seus sentidos. Trato de cartografar, como modo de produção de subjetividade, um “desejo de mundo: um olhar sobre clínica” apontar-me-iam Fonseca e Kirst (2004).
Primeiro ponto: Acompanho a inauguração, em março de 2009, da nova instalação da Unidade Psiquiátrica do Hospital Nossa Senhora da Conceição. Anteriormente, a primeira unidade contava com poucos leitos (seis – três masculinos e três femininos) e um espaço pequeno para seu funcionamento. Como já ouvi muitos técnicos falando sobre a antiga unidade – ‘vivíamos num corredor’. É inegável, o espaço físico ficou melhor. Visto que a história já nos revelou o quanto caminhamos rumo a modificações do cuidado com pacientes graves.
Segundo ponto: Algumas informações básicas, rotinas de um disciplinamento hospitalar – horários do café da manhã, banho, almoço, decidas ao pátio, janta, horário da medicação, etc...
Em frente a porta que divide a sala dos técnicos (separada por grades sem vidro) com o corredor em que os pacientes tem livre acesso, uma moça me procura. É Ana. A mesma Ana que dois dias antes havia autografado num livro, apoiado pelo ministério da cultura para estimular a “arte de viver” em usuários dos CAPS, com uma de suas telas. Ana me enxerga e começa a chorar copiosamente. Com os olhos cheios de lágrimas e vermelhos, fala quase soluçando: -‘Carlos, eu tô com muito medo!’.
Coloco-lhe as duas mãos sobre seus ombros e tento falar algumas palavras. Após alguns breves minutos Ana está mais calma, sinto que sua angústia inicial transformou-se, talvez, não por minhas palavras, mas, provavelmente, pelo simples fato de ter encontrado um conhecido, alguém que já sabia quem ela era, isto é, que sabia de sua existência e de sua história. Depois disso, uma técnica em enfermagem chama Ana para ser pesada e seguir a rotina de procedimentos e avaliações clínicas. Em seguida, vou em direção a saída e saio com grande expectativa de construir novos laços, trocas e vivências. Outros novos, numa mesma distância.
Palavras-chave: Residência Integrada em Saúde, Internação Psiquiátrica, Saúde Mental |