Resumo

Vasconcelos (2008) faz uma reflexão sobre a educação popular na atenção à saúde dizendo que não basta os profissionais terem decisões, é preciso saber fazer a educação na prática do cuidado. Neste sentido, este estudo teve como objetivo analisar a prática educativa em saúde na sua informalidade do cuidado em saúde. Este trabalho é um subproduto de uma pesquisa maior denominada “Educação em Saúde: o cotidiano da equipe de Saúde da Família”. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada com os profissionais de duas equipes de Saúde da Família de um município de pequeno porte. Foi utilizada a observação e a entrevista semi-estruturada para a coleta dos dados, e para análise das informações optou-se pela análise de discurso, segundo as práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano. De acordo com o objetivo apresentado, emergiram três subcategorias: A prática da Educação em Saúde na informalidade das ações, Estratégias utilizadas para a prática educativa informal, e Temas abordados no cotidiano da Atenção Básica. A realidade educativa apresentada pelos trabalhadores demonstrou que as práticas educativas são realizadas em sua maioria na informalidade do atendimento ao usuário, sendo considerada uma atividade individual, não organizada nem planejada, que ocorre tanto dentro da unidade de saúde quanto fora, como no atendimento da demanda espontânea e da demanda programada, estando presente em todo tipo de relação entre profissional e usuário. O profissional revelou a conversa e as orientações cotidianas como momentos propícios para a prática educativa na Atenção Básica. Apontaram como estratégias educativas utilizadas na informalidade das relações, a utilização de uma linguagem simples, com exemplos que fazem parte da vida dos usuários, assim como a utilização de um diálogo descontraído para chamar a atenção dos pacientes. Os temas abordados permearam o universo de trabalho da Atenção Básica, e focaram a promoção da saúde, prevenção de agravos, cura de enfermidades e a reabilitação do paciente, embora os temas voltados para as patologias sejam os mais solicitados e praticados. Contudo, pode-se ressaltar que a Educação em Saúde é produzida a partir do agir cotidiano, que reflete a produção de sentidos trazida pelas relações das práticas de cuidado, ocorrendo de variadas formas em diferentes cenários sendo necessário a sua valorização, pois são tidas como linguagem em ação, e são tão produtoras de realidade quanto qualquer prática concreta.