Resumo

Este estudo teve como objetivo analisar a Educação em Saúde sob o olhar dos trabalhadores da Atenção Básica. Estudo qualitativo, realizado com os profissionais de duas equipes de Saúde da Família, no qual os dados foram coletados por meio de entrevista semi-estruturada e da observação, e analisados segundo as práticas discursivas e produção de sentido no cotidiano. Da análise dos dados emergiram três categorias: O profissional de saúde enquanto educador, Educação como transmissão de conhecimento e Educação em Saúde para a prevenção de doenças. Verificou-se que a Educação em Saúde encontra-se presente no cotidiano de trabalho da equipe de Saúde da Família, sendo desenvolvida em toda prática profissional, como inerente à prática do cuidado em saúde. Os trabalhadores reconhecem seu papel enquanto educador em saúde, e enfatizam a importância da Educação em Saúde no cotidiano da Atenção Básica. Os discursos dos profissionais revelam a Educação como o ato de passar, informar, transmitir conhecimento ao usuário e esta concepção encontra-se fortemente presente na prática da maioria dos profissionais estudados. Existe a iniciativa de um discurso pautado no modelo de educação progressista, que percebe a Educação em Saúde como conscientização da população e aponta-a em direção à construção de um conhecimento, porém este discurso ocorre de forma insipiente, não fazendo parte das práticas educativas dos profissionais. A concepção do fazer Educação em Saúde está arraigada ao ato de fazer a prevenção de doenças, referindo-se a um modelo de atenção preventivo, com enfoque no atendimento curativista. Com base nos resultados obtidos neste estudo, ressalta-se a necessidade de uma prática educativa voltada para o reconhecimento dos saberes dos usuários e as trocas de experiências em prol da construção do conhecimento que vão em direção a um processo educativo cuja finalidade seja a autonomia dos usuários e sua participação ativa para a mudança do modelo de atenção a saúde vigente.